O bate-papo aconteceu na noite de 13 de setembro de 2008, no Balacubaco, um bar GLS do bairro São Caetano, da cidade de Salvador.
Marcelo Cerqueira é historiador, militante gay, presidente do Grupo Gay da Bahia e Secretário de Comunicação da ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros. Nascido em Irará, interior da Bahia, mudou-se para São Paulo quando era ainda um garoto. Atualmente reside na capital soteropolitana. É candidato do Partido Verde à Câmara de Vereadores de Salvador, onde pretende trabalhar pela comunidade LGBT e por toda a cidade. Marcelo, além de estar em campanha política, coordena a 7ª Parada Gay da Bahia, que acontece dia 14, domingo.
Valdeck Almeida – Você foi candidato a vereador em 2004 e não foi eleito. Quantos votos você teve e por que está se candidatando pela segunda vez?
Marcelo Cerqueira – Boa noite a todas e a todos. Quero agradecer a presença de todos vocês e o espaço aberto pelo Balacubaco para que a gente possa falar um pouco da campanha de vereador pela cidade do Salvador.
Eu fui candidato a vereador na última eleição e tive 4.839 votos. Eu particularmente acho que mais da metade desses votos foi da comunidade gay, lésbicas, travestis e simpatizantes - aquelas pessoas que não são homossexuais, mas que apóiam a nossa luta. São familiares, amigos, pais, irmãos e que de algum modo têm essa relação com a população LGBT. Eu acredito que a maior parte desses votos vieram daí. Não vieram de igrejas evangélicas, pois os evangélicos são os principais autores de leis e de campanhas de difamação e de perseguição à nossa comunidade.
Eu parabenizo a postura do Balacubaco, pois acho que é importante que os espaços gays abram para falar da nossa campanha; para que os freqüentadores desses ambientes possam ouvir o que o candidato tem a falar, suas propostas de luta. Por que a gente não tem como pedir voto em outros ambientes. Mas eu peço, pois busco apoio de toda a cidade. Eu vou para todas as comunidades. Eu tenho visitado exaustivamente todas as comunidades, inclusive uma aqui perto, em Boa Vista de São Caetano. Tem comunidades em Pirajá, onde eu também tenho trabalhado muito. São comunidades carentes, onde acontece muita violência.
Minha presença nesses locais mostra que nossa preocupação é muito grande com toda a cidade. Eu sou um homossexual, e acho que a experiência que o GGB me deu durante muitos anos de luta, de atuação e de defesa da nossa população, eu acho que posso ganhar esta eleição e fazer um mandato brilhante, voltado especialmente para o combate ao preconceito.
O que me motiva a continuar nesta luta, que não é fácil, que é desgastante, que é cansativa, é a realidade do gay na Bahia, que é uma realidade difícil. Estou na luta para poder garantir os nossos direitos, pois eu acredito e acho que temos que ter representação política na Câmara de Vereadores. O GGB trabalha arduamente, faz protestos, ficamos nus para protestar, fazemos beijaço, manifestações públicas, mas a gente protesta, protesta e as coisas continuam do mesmo jeito. Ninguém toma uma providência para mudar a situação.
É necessário ter o poder nas mãos, para que as coisas possam ser modificadas. Eu atualmente exerço a direção de um cargo político na cidade de Lauro de Freitas. Eu que faço licenciamento ambiental na cidade. Quando alguém comete um crime, comete um delito, a gente manda fiscalizar. Os fiscais derrubam muro, derrubam casa, prende gente, pois este cargo me dá garantias legais para isso. Se a gente tem o poder nas mãos, as coisas ficam diferentes.
No caso das ações e manifestações da comunidade gay, não se consegue fazer que as coisas andem, pois não temos o poder para atuar nesse segmento da sociedade. Por isso que é importante que tenha gente nossa, da nossa comunidade, dentro do centro do poder. Dessa forma a gente pode fazer acontecer, a gente pode determinar o cumprimento de leis e regulamentos que digam respeito a esta parcela da população, que sempre foi rejeitada e desrespeitada.
Este foi o principal motivo a entrar, de novo, nessa disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores. Esta é uma luta desigual. Eu não tenho sobrenome Mendonça (redes de supermercados), não tenho sobrenome Magalhães (redes de comunicação na Bahia inteira). Eu sou Cerqueira, de Irará, do distrito de Saco do Capim, então eu não tenho o poder financeiro para bancar uma campanha.
Valdeck Almeida – Marcelo, ser gay e ser negro, numa cidade marcada pelas desigualdades sociais, pela má distribuição de renda e na qual a maior parte da população não tem acesso a escola pública de qualidade, não tem segurança, lazer, alimentação etc., qual o apelo político da causa homossexual diante desse caos social?
Marcelo Cerqueira – Em tese, os homossexuais representam uma grande parcela da população de Salvador. Existe gay que é negro, gay branco, gay rico e gay pobre. O preconceito e a discriminação acontecem com todos eles. Porém, em níveis diferentes. O gay que é classe média, que mora na Barra, ele não sofre o mesmo preconceito que um gay negro que mora na periferia sofre. O gay rico tem a faculdade paga pela família, no aniversário tem festa para comemorar e ganha muito presente... Já o gay pobre não tem nada disso e ainda é muitas vezes expulso de casa pela família.
É para todos esses gays que pretendo trabalhar, tanto para o rico quanto para o pobre, mas principalmente em favor dos menos favorecidos e que sofrem mais discriminação. Há diversos níveis de homofobia e de discriminação que os gays enfrentam. Cada um sabe de sua dor. Muitos gays não têm como enfrentar tudo isso. Eu sempre lutei pelos meus direitos, sempre tive uma boa relação com minha família, mas nem todos têm.
Minha mãe mora em São Paulo e eu tenho uma relação maravilhosa com ela. Meu pai mora aqui em Salvador. Ele é militar e me aceita muito bem e me ama. Ele carrega até hoje uma foto de lembrança do meu casamento com Luiz Mott. Ele carrega a foto na carteira. E eu acho isso maravilhoso ele guardar na carteira a foto do convite de casamento do filho com outro homem. Mesmo ele sendo um senhor de 60 anos, militar, extremamente conservador.
Então, Salvador é uma cidade muito complicada. Não deveria ser, pois é uma cidade em que mais de 90% da população é negra. Numa cidade que possui uma cultura tão rica e tão diversificada, em que as raízes negras imperam, não deveria ser difícil ser gay e ser negro. Aqui a dança, a sensualidade, a capoeira é o produto principal. Tudo isso é cultura negra, mas o respeito ao ser humano negro e, principalmente ao gay negro fica a desejar.
Ser negro e ser homossexual aqui deveria ser uma maravilha. Salvador deveria ser a meca dos gays negros, pois é uma cidade de maioria negra. Como diz Lazzo Matumbi, nós somos a alegria dessa cidade. Mas o nosso cotidiano não é alegre, por mais ‘alegre’ que os gays possam parecer – pois os gays têm a capacidade de transformar tudo em festa. Esta alegria que os homossexuais transmitem, essa felicidade toda é apenas para encobrir a dor do preconceito, da homofobia externa e interna.
Em 2007 tivemos 18 homossexuais assassinados na Bahia, sem solução até agora. E ninguém venha me dizer que a bicha que mora na invasão e que serve de ‘avião’ para traficante merece morrer. Punição tem que haver, mas punição igual, e só que a justiça é que pode fazer. Mas na hora que acontece deslizes, porque o bandido não mata o heterossexual? Porque impera a violência contra o gay. Na hora dos acertos de conta, assassinam os gays, por puro ódio. Qualquer deslize do gay a sentença é “mata o viado, que merece morrer”.
Cícero Leite – No seu panfleto de campanha, você declara: “venha ampliar o arco-íris da liberdade”. Qual a bandeira de luta, qual a briga que você vai promover na Câmara Municipal de Vereadores?
Marcelo Cerqueira – A briga que levarei para a Câmara é a defesa contínua e contumaz dos nossos direitos de freqüentar bares, praias, shoppings, sem ser molestados. É a luta pelo direito de andar livremente com seu parceiro ou parceira, de mãos dadas, sem ser xingado nem constrangido nem ouvir piadinhas, não ser olhado de modo atravessado, ser apedrejado ou tomar um tiro. Essas violências ainda acontecem, pois não temos um representante na Câmara, que defenda os nossos direitos.
Hoje a sociedade é dividida em blocos, e é importante que a gente entenda isso. Cada bloco da sociedade luta pelos seus direitos. Existe o bloco dos conservadores, o bloco dos reacionários, o bloco dos liberais, o bloco da esquerda... E eu estou no bloco da esquerda. Quem não se organiza em grupo hoje, não tem como defender o seu direito.
As mulheres encampam uma luta secular em defesa dos seus direitos, elas já têm representantes na Câmara de Vereadores, na Assembléia Legislativa, no Congresso etc; Os negros também estão na luta por cidadania e têm seus representantes. Não pensem vocês que na hora da madeira deitar, eles vão defender os nossos direitos. Nós é que temos que nos organizar para defender aquilo em que acreditamos. Temos que colocar a nossa luta na ordem do dia das centrais de decisão política. Ninguém pense que a sociedade vai nos respeitar, sem luta, sem representação política, sem um trabalho árduo de conscientização, sem que a gente grite pelos nossos direitos.
Valdeck Almeida – Marcelo, a Lei Municipal n° 5.275, de 1997, prevê multas para empresas que discriminem gays, lésbicas, transexuais e travestis. No entanto, já se passaram 11 anos e esta lei ainda não foi regulamentada. O que você pode fazer, na Câmara, para implementar a aplicação desta lei?
Marcelo Cerqueira – Na verdade esta é uma luta antiga, que começou com Gilberto Gil quando ele foi vereador pelo Partido Verde, que é o meu partido. Foi ele, junto com Bete Wagner – que foi vice-prefeita de Lídice da Mata. Bete quando foi vereadora fez incluir uma observação na Constituição do Município, no parágrafo relativo às proibições: “onde se lê que é proibido discriminar pessoas em virtude de cor, sexo, credo religioso”. Ela inseriu uma palavra mágica ‘orientação sexual’. Falando, parece uma coisa pequena, boba. Mas foi a partir dessa inserção, que o GGB fez um projeto de lei, que Antônio Imbassahy, então prefeito, sancionou. Parece até que estou fazendo propaganda de Imbassahy, mas meu prefeito é 13, é Walter Pinheiro (risos). Ele sancionou, mas não regulamentou, o que faz esta lei ser apenas simbólica, pois sem a regulamentação, não há como se punir as empresas que discriminarem os homossexuais. Eu entrando na Câmara, junto com Pinheiro e Lídice da Mata, vamos regulamentar esta lei, para que ela seja a base de uma política de governo. Vamos criar um departamento ou uma superintendência que fiscalize o cumprimento da lei e que aplique as punições previstas.
Valdeck Almeida – Você comentou sobre a luta organizada das mulheres e dos negros. Os homossexuais, principalmente os mais jovens, não são facilmente atraídos para a militância, para o exercício da cidadania, para a luta política. Como você pretende sensibilizar a juventude gay para apoiar sua campanha por respeito e por igualdade?
Marcelo Cerqueira – É um desafio. Uma noite eu cheguei ao Beco dos Artistas e tomei um susto. Existia uma quantidade muito grande de gays jovens, adolescentes. Eles são proibidos de ir para uma boate, não podem ir a saunas, e restam apenas a praia, o Beco (dos Artistas) e as praças de alimentação dos shoppings, onde esta garotada se reúne para paquerar e para se divertir. O Beco é o preferido de quase todos, pois é ali que eles encontram outros gays, onde eles beijam na boca, onde eles ficam deslumbrados com o maravilhoso mundo encantado da homossexualidade.
Pensei em fazer algo por eles. Reuni Otávio e os outros componentes do GGB e fundamos o projeto Se Ligue, que é voltado especialmente para o gay jovem. Esse projeto tem ações nas escolas e tenta atingir, também, os familiares dos homossexuais. A família não é exatamente o problema dos gays, é a solução para a aceitação, para a compreensão da diferença. A família é uma referência muito forte, então propomos aos gays visitantes que trouxessem um parente, um irmão, para que estes pudessem se tornar multiplicadores da discussão travada no grupo, que é relacionada ao respeito, à cidadania, aos direitos humanos, a prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis.
A família tem que estar integrada nessas frentes de luta, para que os homossexuais se sintam amados, auto-confiantes e se previnam contra violências de toda ordem, bem como que eles tenham auto-estima e lutem pela inserção tanto no mercado de trabalho quanto em outros campos da atividade humana.
De um modo geral, essa garotada que está chegando agora está colhendo os frutos de lutas que se iniciaram há muito tempo e está meio que encantada com esse desbunde, com essa liberdade toda que os gays têm hoje em dia. Hoje a facilidade de informação, a facilidade de sexo, de “ficar”, de sair e encontrar outros gays, a facilidade de beijar na boca é muito grande, mas não dá para ninguém se deslumbrar e deixar de lutar por mais e mais direitos. É muito bom ser homossexual, é muito bom viver o estilo de vida gay, se você lida com isso com satisfação, com dignidade, com respeito. Mas temos muitos direitos ainda não respeitados que devem ser incorporados à medida que nos conscientizemos da necessidade de lutar para conquistar mais espaço.
Essa juventude não passa o que eu, o que você, Valdeck passou, o que muitos gays de 30 anos de idade ou mais passaram. Eu me lembro que quando eu ia ao Beco, o Juizado de Menores ficava na porta. Hoje não fica mais, devido a muita luta nossa, do GGB. Recordo-me que eu e Ozéias barramos uma equipe de um programa sensacionalista que queria entrar no Beco para mostrar os menores de idade. Nós desafiamos eles e dissemos que poderiam entrar, mas sem a câmera para filmar. Eles entraram, fizeram a reportagem, mas a câmera ficou de fora. É devido a atitudes como estas que hoje temos maior liberdade.
É necessário haver entidades que briguem e que defendam os direitos das minorias. A população muitas vezes sente necessidade de lutar, mas não tem representantes que tomem a dianteira e que levantem bandeiras. Nós precisamos de auto-estima, todos nós precisamos nos sentir importantes, ter nossos direitos respeitados. E o GGB tem exercido um papel fundamental nesse sentido. Hoje em dia quando ligamos para uma delegacia, o atendente diz “delegado, o GGB está na linha”, pois já somos referência nessa cidade, devido à nossa atuação política, devido a estarmos sempre na vanguarda, sempre buscando atuar em prol da comunidade LGBT. Somos referência na história da Bahia e do Brasil, pela nossa postura séria e coerente em defesa dos homossexuais.
Valdeck Almeida – Você sofreu resistência no Partido Verde ao propor sua candidatura?
Marcelo Cerqueira – Eu tenho uma tradição política de esquerda. Comecei a militar com Geracina Aguiar, depois com Maria José Rocha, depois com Nélson Pelegrino. Minha linha política sempre foi de luta ao lado dos menos favorecidos. Eu estou no Partido Verde e convido todos vocês a se filiarem, pois é um partido que se preocupa com o meio ambiente, com os direitos das mulheres, os direitos dos homossexuais, os direitos das populações indígenas, o respeito em relação ao uso da terra, dentre outros. Meu batismo de fogo no partido foi através de Juca Ferreira, que hoje é Ministro da Cultura, foi através de Bete Wagner, atual diretora do Centro de Recursos Ambientais e ex-vice prefeita desta cidade. Eu me encantei com as bandeiras de luta do partido e não enfrentei nenhuma resistência contra minha candidatura, pelo contrário, senti muito apoio. A única disputa é pelo voto, pois temos vários candidatos e todos eles querem o apoio dos eleitores.
Valdeck Almeida – A gente sabe que uma campanha política precisa de dinheiro para publicidade, transporte etc., e tudo é muito caro. Como você financia sua campanha?
Marcelo Cerqueira – Eu queria dizer pra vocês que essa campanha tem sido uma experiência muito diferente para mim. Eu gastei pouco do meu dinheiro. E não foi porque o partido me deu. Partido não dá nada ao candidato. Ao contrário, muitos cobram do candidato. Tem partidos que cobram pra você gravar o programa eleitoral, outros cobram pelo número que o candidato vai usar na campanha. O PV não me cobrou nada, mas também não me deu nada. Estamos em coligação com o PT e o PCdoB. Estes partidos tradicionais de esquerda não cobram, mas também não te dão nada para gastar com a candidatura. Eu queria falar pra vocês sobre a minha felicidade, pois já ganhei mais de um milhão em materiais, em santinhos, em propagandas eleitorais. Doações de pessoas que acreditam na nossa campanha. E pasmem! Muitas delas não são gays, mas estão apostando na nossa campanha.
Captação de recursos financeiros para a campanha de um candidato a vereador é muito difícil e complicado. Ainda mais hoje, que o TRE, felizmente, impõe várias limitações. Anteriormente as campanhas eram verdadeiras lavagens de dinheiro, pois não havia mecanismos para descobrir e punir práticas desse tipo. Hoje qualquer quantia doada a um candidato é divulgada na internet, qualquer eleitor pode denunciar, qualquer inimigo político pode denunciar, pois a fiscalização é intensa e rigorosa. Hoje isso ainda continua acontecendo, mas com menos intensidade.
Valdeck Almeida – Muitas manifestações de homossexuais trazem visibilidade, mas nem sempre agregam valor à luta por direitos iguais. O que uma parada gay traz de positivo para o movimento homossexual?
Marcelo Cerqueira – Eu acho que aquelas paradas gays que mostram apenas festa vão acabar. Eu acredito que as paradas trazem visibilidade, mas devem estar atreladas a uma luta política. O que é mais impactante, importante e interessante é a visibilidade positiva que uma manifestação popular causa. Quando um jornal, por exemplo, estampa em sua manchete uma foto mostrando uma multidão nas ruas lutando ou apoiando lutas por direitos iguais, a causa gay fica fortalecida. A parada gay de Salvador desse ano traz a discussão das eleições municipais, debate bandeiras de luta que apóiam a conscientização política, o combate à homofobia, a conquista de espaço na sociedade, a cidadania plena.
Eduardo Gabriel – Qual a diferença básica entre sua candidatura e aquelas que se dizem representantes de toda a sociedade, mas que defendem bandeiras da elite?
Marcelo Cerqueira – Vou usar uma frase bíblica: “pelos frutos se conhece a árvore”. Eu venho do GGB, que tem tradição em defesa dos homossexuais; que denuncia a violência contra a comunidade LGBT; que luta contra o preconceito. Esta é a diferença básica. Do outro lado está a tradição, as famílias que sempre se aproveitaram do dinheiro e da barganha política para se perpetuarem no poder em defesa dos direitos da elite dominante.